Era 1978, cursando a 7ª série do Ginásio ( era assim que se
chamava na época).  Perto de completar 14
anos. Maria Cristina Schmidt,  uma colega
de turma que adorava apresentar novidades para a turma. Era filha de
ex-prefeito , empresário rico e pessoa muito respeitada na cidade, Sr. Ladislau
Schmidt. Devido a essa posição econômica, Cristina sempre tinha acesso em
primeira mão a novidades  que demoravam
meses para chegar a Guabiruba. Para os padrões locais Cristina era bem “avançadinha”,
cheia de iniciativa e pouquíssimo se preocupava com que as pessoas achavam
disso. Talvez esse seja um dos pontos que nos manteve tão unidos durante aquela
época. Apresentava ao grupo novidades inusitadas, do tipo: 
                -
Descobri umas músicas legais demais (falava de Sá e Guarabira, e trouxe o disco  para ouvirmos na eletrola da escola). 
Em outra ocasião trouxe um disco, em que afirmava estarem as
músicas ideais para nossa festa de formatura: apresentava Simon e Garfunkel. 
E assim seguia, impressionada com as novidades, queria
contagiar todos.
                Certo dia
ela chega:
                - Nossa,
acabei de ler um livro muito bom.
                - Qual?
                -
Fernão Capello Gaivota!
Resumidamente passou para todos ao seu redor um resumo do
que a obra oferecia. Me emprestou o livro e li em dois dias.  De tão impressionado reli alguns  trechos várias vezes. 
A mim, parecia ter encontrado confirmação de pensamentos que
ainda pareciam obscuros, nebulosos. Passei a admirar Fernão.
Na época o livro foi um Best-seller
em várias regiões do mundo. O autor. Richard Bach havia virado celebridade
internacional. 
Nunca consegui entender se meu pensamento se ampliou por
causa do livro, ou se  apenas confirmara
algo que já estava em gestação. Fato é que a história nunca mais me largou.
Pautei várias fases da minha vida em semelhança com o livro. 
Fernão Capello não queria se render as regras sem sentido,
procurando sempre novas possibilidades. Acho que isso ainda se mantém.
Extremamente avesso a tudo que é imposto sem razão benéfica ao coletivo.
Por vezes penso: e se Cristina não tivesse apresentado o
livro? Não tenho resposta.
Não tenho mais notícias de Cristina. Soube que casou com
Gilmar, ex-viciado em maconha, filho do Seu Geraldo e Dona Landa. Mas agradeço,
de toda forma,  aquela amizade de 4 anos.
Hoje poderia se afirmar que o livro não passava de um
impresso de auto ajuda.  Bobagem. Mal o livro não fez.  Como todo bom livro, mostrou o seu poder.
Um comentário:
Belo relato!
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